segunda-feira, 3 de março de 2025

PROGRESSISMO ATÉ QUANDO * Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros/PCTB

PROGRESSISMO ATÉ QUANDO
Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros
PCTB

Muito se tem falado e não poucos camaradas e militantes honestos, acalentam sérias ilusões nos governos pequenos burgueses de esquerda, supostamente "reformistas", caracterizados por sociólogos e setores de imprensa como "progressistas". 

Desde fins dos anos 1990 e inícios dos 2000, a América Latina passava por profunda crise econômica e política que expressava o total esgotamento das política neoliberais que vinham desmontando os Estados nacionais, fazendo explodir desemprego , a miséria e desagregação do tecido social de diversos países do continente.

Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador, entre outros, viviam processos de auge das lutas populares e que amedrontavam suas burguesias. No entanto, por carência de direções revolucionárias sólidas (com exceção da Venezuela) que possuissem influência de massas, e manejassem um programa sério de transformação revolucionária profunda nestes países, levou os partidos ou movimentos radicais pequenos burgueses ou reformistas, a direção e culminância desses processos.

Na Venezuela e Bolívia o teatro de luta foram mais avançados, inclusive o primeiro vivia uma situação revolucionária. Estes dois países conseguiram como resultado das lutas de seus povos, avançarem muito numa agenda de desenvolvimento político e social, com um claro caráter popular e democrático.

As lições do que ocorreram e ocorrem na Venezuela sobretudo, o aprendizado desse processo riquíssimo de luta popular e antiimperialista, é de grande valia para os trabalhadores e povos oprimidos do mundo inteiro. Portanto, claramente a Venezuela em particular, está distante, quanto às características de seu processo político e social sui generis, do conjunto da maior parte dos outros embates, que foram encabeçados pelos chamados "progressistas". 

O "progressismo" na América latina, tem sido uma espécie de tentativa de viabilizar uma saída de tipo "social democrata" para a crise profunda e, mesmo, esgotamento do capitalismo dependente. A reversão econômica primária exportadora que a divisão mundial do trabalho imperialista, legou a nossa região desde os anos 1980/90, no contexto da crise da dívida, Consenso de Washington e avanço do regime neoliberal de reprodução do capital no continente, agravou ainda mais nossa situação de dependência e o subdesenvolvimento de nossos países.

As crônicas transferências de valor e de riquezas de nossas pátrias às metrópoles imperialistas, com a consequente descapitalização de nossas economias, impediram e impedem as condições de desenvolvermos nossas forças produtivas próprias, dentro de um projeto regional de desenvolvimento. Isso agrava a vulnerabilidade das economias dependentes latinoamericanas, que, cada vez mais, necessitando de divisas para garantir as transferências de valor para os centros imperiais, necessitam recorrer e afirmar a cada passo, sua estrutura de economia exportadora, voltada para fora, hostil a sua própria gente.

E quanto mais as economias dependentes caem nessa arapuca, mais primarizam suas estruturas econômicas, aprofundando sua dependência diante do capital imperialista que encontra a sua frente, economias sem a menor possibilidade de lhe impor resistência e assim, o resultado é que a cada passo dessas economias fragilizadas, ativam os mecanismos de recrudescimento de sua própria sangria, da dependência e subdesenvolvimento acirrados.

Nesse processo histórico dialético, a experiência tem mostrado que enquanto persistir o modo de produção capitalista, não existe possibilidade de ruptura com essa teia, que tem aprisionado nossas economias.

A América Latina classista (nos referimos a América pós colombiana) surge no contexto de avanço do capitalismo mercantilista europeu e, desde então, passando pelo seu período colonial, independentista, até nossos dias, sempre foi condicionada pelas forças alienígenas em colaboração de suas oligarquias crioulas.

Desde o período após as guerras de intendência, nossos países fragmentados e balcanizados, passaram a estar submetidos às subsequentes divisões do trabalho no capitalismo mundial, que nos inseriu desde ai subalternamente, como economias dependentes, complementares dos interesses do grande capital e dos países imperialistas. Os períodos de desenvolvimento pelo qual passamos no contexto das políticas de substituição de importação em meados do século passado, na crise do entre guerras, que logo foram esterilizados pelo imperialismo e seus sócios menores das oligarquias indígenas, nos levaram àquilo que André Gunder Frank conceitualizou com muita precisão como "desenvolvimento do subdesenvolvimento".

Nos tornamos hoje economias primarizadas e rentistas, voltadas para exportação agromineral, energética e extrativista; somada a uma plataformalização da valorização parasitária do capital rentístico internacional.

As crônicas transferências de valor e de riquezas de nossas região, em direção aos grandes centros metropolitanos do capitalismo mundial permanecem como realidade em nossas pátrias. A superexploração do trabalho, o desemprego e subemprego crônicos, a pobreza, miséria e marginalidade assustadoras de nossa gente, fenômenos típicos do subdesenvolvimento, insistem em persistir e mesmo se agigantam em nossa época na América latina. A bomba de sucção implantada em nossos países pelas forças imperialistas em colaboração das burguesias crioulas, jamais foram desmontadas pelos chamados governos "progressistas".

E a própria estrutura do capitalismo dependente, não foram enfrentadas por estes governos, permanecendo nossos países presos aos grilhões da dominação imperialista em conluio com seus sócios internos, cúmplices na pilhagem da região e na exploração e opressão selvagem de nossos povos.

Não há possibilidades de significativos avanços sociais em nossos países, sem enfrentar as estruturas nocivas da dependência e do subdesenvolvimento. E mais: não existe possibilidade de enfrentar essas estruturas que amarram nossos países e nossos povos, sem enfrentar as oligarquias burguesas indígenas e o próprio sistema de dominação imperialista.

Portanto , para isso, é preciso um programa socialista e nacionalista/antiimperialista de transformações qualitativas e revolucionária de nossas sociedades, que mobilizem sob essa perspectiva, os povos trabalhadores de nossa América, coisa que jamais foi encarada e muito menos esboçada pelos governos "progressistas" de conciliação de classes, que não conseguiram nem mesmo garantir para as massas, a institucionalização de verdadeiras reformas de base.

Na verdade, ao não propor a mobilização popular no sentido de caminhar para uma política de enfrentamento revolucionário contra as burguesias titeres e o Imperialismo, esses governos frágeis na verdade retrocederam politicamente e embotaram o nível de consciência política de parte considerável dos trabalhadores. Assim, o que fizeram foi pavimentar o caminho para o crescimento em toda a região, de uma extrema direita com claros contornos neo fascistas.

Dessa forma, a realidade histórica nos admoesta que, para avançar diante do inimigo de classe, precisamos de uma política correta, de um programa que nos norteie, da clareza política, da consciência das massas e uma direção segura, que tenha um rumo certo.

As estruturas sociais monstruosas e nocivas que dominam nossos países, características do capitalismo dependente que nos domina a séculos, somente podem ser rompidas por um processo revolucionário, como tão bem nos ensina a revolução cubana e a experiência bolivariana iniciada pelo comandante Hugo Chávez em Venezuela, muito distante das limitações do chamado "progressismo".

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